sexta-feira, 31 de julho de 2009

Diário de uma jornalista andante

O sucesso do banho de gato

Eu passo por tantas coisas durante o dia que resolvi, vez por outra, escrever minhas andanças pela bela Cidade do Sol, em busca de notícias.

Ontem comecei o dia visitando uma pessoa maravilhosa, um senhor de 70 e pouco anos que reúne em si diversas qualidades: é bem-humorado, disposto, gentil e tem uma sabedoria para poucos. Eu já o havia entrevistado um dia antes, mas precisei voltar em sua residência para buscar documentos. Sentadinha estava e queria ficar para sempre, conversando sobre os hábitos do seu grupo de aposentados que se reúne religiosamente no Grande Ponto. As histórias desses senhores são engraçadíssimas, teve até quem comprou banquinho próprio porque os bancos públicos só comportam 4 pessoas. Um dia, o dito do assento cativo morreu, mas o banco ficou. Um amigo passou mal e trouxeram o banco para ele sentar. Não resistiu. Depois outro teve um piripaco. Morreu também. Até que um terceiro que teve ataque não quis sentar no banco, com medo da sina do banquinho. E o meu entrevistado ainda me sai com essa: "um dia fizemos as contas e concluímos que em cinco anos 37 amigos morreram".

Depois do papo, saí a passos largos para o centro da cidade. Como não possuo carro, costumo fazer minhas coisas a pé, de ônibus, de carona, de todo jeito. Bem, fui para um escritório onde presto serviço de produção (assistência). Em pouco tempo, resolvi milhões de coisas, escutei o desabafo da produtora-mor, pensei nas minhas próprias coisas a fazer, olhava o relógio, na chave que tinha que copiar (de outro escritório) e tive de correr novamente.

Com a cópia na mão, dever cumprido, desço a pé para o Barro Vermelho. Antes passo no Lá na Carioca, o bar de uma amiga. Queria saber se tinha microfone para o evento que estava produzindo, em Nalva Melo. Tem ou não tem, o fato é que tive de interromper o papo e segui em frente mais uma vez, para deixar um documento na casa de minha irmã e, de quebra, almoçar na faixa, porque ninguém é de ferro.

Consegui chegar ao terceiro ou quarto expediente com algumas pendências dos anteriores. Resolvi rapidinho e comecei no trampo. No final da tarde, lá vou eu, para casa de minha outra irmã, que é bem pertinho de onde eu estava, para me arrumar para a festa em Nalva Melo, a grande exposição coletiva de oito artistas potiguares. Poxa, que raiva quando o porteiro do prédio disse que não havia ninguém em casa. Ela não atendia o celular, mas achei que tivesse em casa. E aí, o que faço, eu estava toda horrorosa, passei o dia para lá e para cá, oh my god!!!
Encontrei uma solução no mínimo inusitada, digna da mais andante das jornalistas. Eu apresentei minha identidade, para o porteiro conferir que o meu sobrenome é igual ao de minha irmã, moradora do prédio, e pedi para usar o banheiro da piscina. Chegando lá, fiz um banho de gato, vesti minha roupa de assessora de imprensa, esfumacei os olhos e zarpei para o quinto ou sexto expediente do dia.

Graças a Deus tudo valeu à pena. Aliás, minha correria sempre vale. A inauguração da mostra permanente Café Salão 15 Anos, no espaço de Nalva Melo, na Ribeira (Natal-RN), foi simplesmente um sucesso. Todo mundo que tinha que ir foi. Artistas, estudantes, pessoas bonitas em geral, jornalistas do bem, amigos, as filhas de Marcelus Bob (lindas, Radharane e Narayane), críticos de arte, enfim, uma pá de gente compareceu. Sem falar que tivemos apresentação do evento pela maravilhosa, amiga, competente e simpatica Glácia Marillac (InterTv Cabugi). E foi uma sangria desatada. Jarras e mais jarras. Tomei várias taças, mas fiquei na paz, legal mesmo. E haja elogios: à divulgação, à produção, ao texto do programa impresso da exposição e até mesmo para minha aparência. Quem diria que um banho de gato iria me fazer tão bem? Deu a louca nos artistas e boa parte do oito queria tirar uma casquinha de mim (são todos meus amigos há anos), foram tantos abraços e tantos cumprimentos que eu dormi e sonhei com aquela boa sensação de DEVER CUMPRIDO.

p.s.: esqueci de dizer que em meio a tantas andanças eu ainda telefono de vez em quando para monitorar as andanças de uma pequena graciosa filhota de seis anos, minha paixão maior do que o jornalismo.

4 comentários:

DR.TÍMPANO - BSB/DF disse...

Como um papo com conteúdo faz bem a gente, né. Velhinhos com experiência sempre deixam algo pra guardar... Boa história, digna de conto... O banco assassino eheheh.

Parabéns pelo sucesso da noitada em Nalva, jornalista andante. Sei do seu esforço, suor e talento. Você merece tudo de bom, minha amiga. Continue andando em frente: essa é a direção certa!

Cheiro e saudades.

Rubens

Mme. S. disse...

Lili, você é puro toque de Midas. por isso, algo aparentemente banal como andanças no dia-a-dia se transforma em algo bom, de boas sensações. adorei ler esse post, parecia que estava vendo vc falar. um beijo e adore a festa mesmo. S.

Mme. S. disse...

ups! quis dizer "adorei a festa mesmo"...

Unknown disse...

Meu bem, essa "sangria" foi meu "porto seguro" em um evento fantástico!
Tudo perfeito! O som das estrelas estava deveras estarrecedor(...)*
Você estava brilhante!E bla bla bla bla (...)* e um beijo.