quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mil noites aflitas

Um dia o vento explode uma porta e a deixa violentamente escancarada.
Por essa órbita, entra uma confusão que mais parece filhote de furacão.
Sossegada estava, desarvorada fiquei. O mundo girou para o lado avesso.
Escuto vozes e penso ser de uma pessoa que me deixou translúcida e cálida.
Não sou mais eu, calma, serena, aberta às descobertas.

Agora resta uma de mim que até eu mesma desconheço.
Na verdade, conheço-a até demais.
Sonho com todos aqueles que considero anjos.
Escuto as vozes e o farfalhar das aves de rapina.
Eu me lembro que um dia clamei aos céus e disse que não ia voltar.

Penso em alugar um salão para fazer a festa de Babette.
Tenho medo de cozinhar caramujos para o jantar.
Sirvo-me de um frugal pão com manteiga.
Sou um personagem de Caio F. Abreu, sem calcinha na fila do supermercado.
Desejo comer frutas secas. O lenço no pescoço me faz lembrar de minhas mil e uma noites.

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